Ideal é fazer atividades relaxantes, como leitura, meditação ou ouvir música, recomenda especialista
Quantas vezes já não ouvimos falar: “se não consegue dormir, conte carneirinhos!”. Esse conselho existe há muito tempo, mas se realmente funcionasse não existiriam tantas pessoas sofrendo com a insônia, distúrbio do sono que, segundo a Associação Brasileira do Sono, acomete um a cada três brasileiros.
O sintoma caracteriza-se pela dificuldade em começar a dormir, manter-se dormindo, ou acordar antes do horário desejado. “Na maioria dos casos a insônia é um sintoma e não uma doença. Existem vários fatores que podem influenciar na geração desse sintoma”, afirma a neurologista e especialista em sono Patrícia Coral. A médica explica que na lista de fatores estão a ansiedade, dores e o estresse, sendo esses os principais que podem dificultar o início do sono. “Podemos ter outras causas como depressão , apneia do sono, e movimentos anormais”, diz.
Quando o sintoma aparece, segundo a especialista, o ideal é não insistir para tentar dormir. Nesse caso a pessoa pode ficar a noite toda tentando. “Quando a insônia bater, orientamos que a pessoa faça atividades relaxantes até o sono voltar, como leitura, meditação ou ouvir música”, comenta a especialista. Se os sintomas persistirem, é recomendado consultar um especialista, porque pode ser que a pessoa esteja passando por uma insônia crônica e nesse caso há tratamento. “Considera-se insônia crônica se a dificuldade que ocorre pelo menos três vezes por semana, por um período de no mínimo três meses”, explica a médica do Hospital Nossa Senhora das Graças.
Além da sonolência excessiva durante o dia, a privação do sono pode ocasionar dificuldade de concentração e expressão de emoções, incapacidade para resolver problemas, irritabilidade e alterações de humor, e problemas de memória.
Um hormônio essencial para uma boa noite de sono é a melatonina, ligado ao ciclo circadiano, ou seja, à forma como o organismo organiza suas funções quando estamos acordados e durante o sono. “É um hormônio produzido pela glândula pineal, que auxilia na indução e manutenção do sono. Ele é fundamental para o nosso relógio biológico”, diz a neurologista.
A substância começa é produzida no cérebro, na glândula pineal, quando o dia escurece para ajudar o organismo se preparar para dormir. Ela atinge seu nível máximo quando estamos dormindo. Com o nascer do sol e a volta da claridade, a glândula reduz a produção de melatonina, o que sinaliza que é o momento de acordar. Como hoje há cada vez mais estímulos luminosos mesmo durante a noite, com a televisão, computadores e o uso constante do celular, algumas pessoas podem ter uma produção menor ou mais irregular da melatonina.Em idosos também ocorre sua diminuição. “Em geral os idosos dormem menos porque a necessidade realmente diminuiu ao longo dos anos. Nessa faixa etária ocorre diminuição da produção da melatonina”, afirma Patrícia.