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France Excellence / Atout France : 700 pessoas acompanharam debate online com importantes especialistas de luxo da França e Brasil
Na segunda-feira (20.09.21), Caroline Putnoki , diretora para América do Sul da Atout France, Agência de Desenvolvimento Turístico da França, recebeu alguns dos mais importantes nomes do luxo francês para um evento exclusivo com 60 personalidades brasileiras, no Cidade Matarazzo.
Transmitido ao vivo, via internet, para uma audiência média de 700 pessoas por minuto, a primeira edição do France Excellence, teve início às 13h45, com discurso da embaixadora da França, senhora Brigitte Collet. Em seguida, direto de Paris, o senhor Olivier Gabet, diretor do Musée des Arts Décoratifs de Paris, traçou um panorama histórico do luxo desde a antiguidade até os dias de hoje. Em sua palestra, intitulada “As mil faces do luxo: uma viagem através do tempo e da geografia” e usando como base a exposição Luxes, que ficou aberta ao público entre outubro de 2020 e julho de 2021, o especialista em arte apresentou dezenas de peças, fabricadas nos últimos 10.000 anos, ressaltando os atributos do luxo nas diversas épocas e culturas, como a excelência, a beleza e a criatividade.
Caroline, então, entrevistou Natalia Rios, à frente de um ateliê em São Paulo, que fornece bordados para algumas das mais importantes marcas de moda e decoração no Brasil. A exbailarina aprendeu em Paris, na célebre Maison Lesage, hoje parte do grupo Chanel, algumas técnicas da alta-costura, entre elas o crochet de Lunéville, inédita no mercado brasileiro e praticada pelas maiores maisons francesas como Chanel, Dior e Schiparelli.
O primeiro painel do evento, cujo tema foi “O savoir-faire, pilar da excelência” contou com a moderação de Carlos Ferreirinha, CEO da MCF Consultoria e autor do livro “Paladar não retrocede”, pela DVS editora. Neste debate o CEO para América Latina da Hermès Paris, Jean-Manuel Lémenager, explicou que a Hermès não é uma marca, mas uma assinatura. E mais do que falar de luxo, na maison se fala de alta qualidade, cuja devoção é permanente.
Para o executivo francês um bem ou serviço de alto padrão deve oferecer autenticidade e emoção. Para ele, não há, em absoluto, conflito entre tecnologia e artesanalidade. Cada um desses elementos cumpre um papel. A modernidade é integrada a processos, inclusive na logística e e-commerce. Daí, pode-se explicar, o sucesso da parceria entre Apple e Hermès, em um relógio único.
Bénedicte Epinay, diretora do Comité Colbert, que reúne 85 marcas de prestígio na França e 17 instituições artísticas e culturais, explicou que o luxo francês é a primeira escola para os Chevaliers des Arts et Lettres. Para ela, o luxo francês não só é consumido pelos jovens – 55% dos clientes pertencem às gerações Y e Z – , mas é a chance que muitos têm para se tornarem futuros grandes nomes seja na moda, na arquitetura, na perfumaria, na gastronomia, na hotelaria, joalheria ou na indústria de vinhos. A executiva explica que o gesto do artesão francês, cuja técnica existe há séculos, está em constante evolução, mas a busca pela perfeição se mantém inalterada.
Opinião compartilhada também por Dominique Niel, diretora do Ateliers de France, empresa responsável pela recuperação de Versailles, Notre Dame de Paris e do Cidade Matarazzo. Segundo a senhora Niel, o luxo é a paixão e o orgulho de um trabalho bem feito. O luxo francês se mantém hegemônico, porque soube preservar a história, os saberes e as técnicas, restaurando patrimônios que servem de inspiração para os novos criadores. Na empresa há oficinas com mais de duzentos anos de existência e valoriza-se métiers (ofícios) que em uma sociedade de consumo de massa não são valorizados. São esses métiers que garantem a excelência francesa e o seu savoir-faire.
O painel seguinte contou com a participação de Tomas Perez, CEO da Teresa Perez; Adelaïde de Clermont-Tonnerre, influente jornalista francesa e membro do júri que elege os hotéis Palace na França; Yann Gillet, diretor do Hotel Martinez, em Cannes; e mediação de Jayme Drummond, professor de hotelaria e apresentador do canal Carioca NoMundo. Nesta mesa, Tomas lembrou que a França é o destino europeu mais vendido pela operadora brasileira e que não há possibilidade de se falar de luxo sem mencionar a hotelaria francesa.
Para a senhora Clermont-Tonnerre os hotéis Palace da França se distinguem dos cinco estrelas do mundo pelo seu caráter lendário e pelas experiências únicas que eles oferecem. Para ela, o Martinez Cannes é um exemplo. Durante o Festival de Cinema, é possível encontrar pelos corredores, elevadores, restaurantes e no lobby as maiores estrelas de cinema do planeta. Motivo de orgulho de Yann Gillet, que explica o cuidado 24 horas com os detalhes da operação e também a busca ininterrupta por criar experiências únicas para os hóspedes, sem deixar de lado as preciosas técnicas francesas na alta gastronomia, na governança e nos demais serviços.
Jayme Drummond lembrou o quanto a primeira classe da Air France sempre foi referência internacional. O cuidado com as louças, os talheres, as taças refletem o famoso arts de la table (artes da mesa). Os uniformes da empresa que sempre foram criados por grandes maisons de alta costura – Dior, Balenciaga, Nina Ricci, Carven, Christian Lacroix. Os menus por chefs estrelados Michelin e as salas VIP nos aeroportos sempre traduziram o art de vivre francês.
O evento foi encerrado com uma conversa de Caroline Putonki com Alexandre Allard, o francês que está à frente do Cidade Matarazzo. Allard explicou que, para ele, o Brasil tem um potencial criativo muito forte, impactante, que só não é aproveitado em sua totalidade por falta de técnica. Daí seu compromisso em trazer alguns dos nomes mais importantes da arquitetura, do design internacional para valorizar a identidade nacional, e inúmeros artesãos franceses para compartilhar suas técnicas seculares com artesãos brasileiros. Assim como Bénédicte Épinay, o luxo é escola. Para ele luxo é criatividade e muito trabalho. É treino. Daí que o Cidade Matarazzo não será apenas um espaço de compras e entretenimento com o melhor hotel do país, mas antes de tudo, será um campus, onde inovação e técnica se encontrarão para o bem do país, para o bem do planeta.
O novo luxo, como disseram todos os especialistas e Allard reforça, é sustentável. Tudo que é descartável é oposto ao luxo. Para ele, as novas gerações querem viver momentos, muito mais do que acumular. Mas o ato de compra é bem pensado e focado no que é durável. O novo luxo passa pelo respeito às pessoas, aos saberes ancestrais e ao chão local – na França , os famosos terroirs. A excelência francesa se mostra no orgulho da profissão, o que fez com ele devolvesse também aos 4.000 trabalhadores brasileiros a felicidade de sentirem-se realizados com a obra a poucos metros da Avenida Paulista e que será um marco na cidade.
A conferência marcou o primeiro dia da edição 2021 do France Excellence. Nos dias 21 e 22, mais de 750 reuniões foram organizadas entre profissionais brasileiros e franceses. O material da palestra será reunido em um livro que estará disponível após o evento.