Nada pode ser mais esperado para uma mulher do que o nascimento de seu bebê. São nove meses de sonhos e expectativas positivas. No entanto, para muitas mães a felicidade da chegada do filho acaba sendo abalada logo nos primeiros dias pelos sintomas da depressão pós-parto. Segundo pesquisas, a depressão pós-parto (DPP) começa, na maioria dos casos, a partir das primeiras quatro semanas após o parto e pode alcançar sua intensidade máxima nos seis primeiros meses, atingindo de 10% a 15% das mulheres.
Este tipo de depressão é caracterizado por um sentimento de tristeza que vai ficando cada vez mais intenso tornando as mulheres incapazes de exercer as tarefas mais simples do dia a dia, passando a demonstrar apatia e desinteresse. É um problema sério que afeta tanto a saúde da mãe quanto o desenvolvimento do filho.
Segundo Márcia Ferreira da Silva Rodrigues, psicóloga e coordenadora CRM do Hospital San Paolo – centro hospitalar de média complexidade, localizado na zona norte de São Paulo, os sintomas mais comuns são: desânimo persistente, sentimentos de culpa, desamparo e desesperança; insônia; idéias suicidas; temor de machucar o filho; diminuição da libido e apetite; diminuição do nível de funcionamento mental; presença de idéias obsessivas ou supervalorizadas; irritabilidade; falta de energia e desmotivação.
No tratamento da depressão pós-parto é fundamental o uso de medicações, por isso a necessidade de se consultar um psiquiatra para averiguar qual é a melhor medicação. “Como existem múltiplos fatores determinantes na depressão pós-parto, ou seja, não só fatores biológicos, mas também fatores sociais e familiares, a psicoterapia pode ajudar muito no tratamento”.
O ruim é que não há como evitar o primeiro episódio de depressão pós-parto, pois o mesmo pode se desenvolver até mesmo em mulheres que queriam engravidar, que tiveram gestação sem complicações e tranquilidade no parto. “A melhor maneira de prevenir a doença é a intervenção precoce, ou seja, ‘ficar de olho’ naquelas mulheres que já tiveram quadros depressivos anteriormente, pois existe a possibilidade de repetição do mesmo”, completa a psicóloga.
A principal dica para lidar com a depressão pós-parto é cuidar de si própria, da saúde mental e física. “Algumas mudanças no estilo de vida como: dormir bem, relaxar, ter tempo para tomar um banho relaxante, um chá da tarde, dar prioridade às refeições, pois, o que comemos tem impacto direto no nosso estado de humor, tomar sol – a luz solar levanta o humor das pessoas, pode ser apenas 15 minutos, são extremamente importantes. Além disso, procure ajuda dos que estão ao redor, não se afastar das amizades e da família, conte-lhes o que está ocorrendo e não mantenha os sentimentos apenas para si. Também é interessante procurar grupos de mães para a pessoa partilhar os sentimentos, sensações e experiências do processo maternidade”, finaliza Marcia.