Preta Gil morre aos 50 anos
A cantora e empresária Preta Gil morreu no domingo (20/07) após lutar contra o câncer. Preta Gil estava nos Estados Unidos desde maio/25 fazendo tratamento. Filha do cantor Gilberto Gil com Sandra Gadelha, Preta Maria Gadelha Gil Moreira faria 51 anos em 8 de agosto. Ela deixa um filho, Francisco Gil.
Pelas redes sociais, a família divulgou uma nota, lamentando a morte da artista e afirmando que agora cuida dos procedimentos para trazê-la para ser enterrada no Brasil.
“É com tristeza que informamos o falecimento de Preta Maria Gadelha Gil Moreira, em Nova Iorque, onde estamos neste momento cuidando dos procedimentos para sua repatriação ao Brasil. Pedimos a compreensão de tantos queridos amigos, fãs e profissionais da imprensa enquanto atravessamos esse momento difícil em família. Assim que possível, divulgaremos informações sobre as despedidas”, disse a nota, publicada no perfil do seu pai, o também músico Gilberto Gil.
Ela descobriu o câncer no intestino no início de 2023. O diagnóstico impediu que seu bloco de carnaval, o Bloco da Preta, saísse naquele ano. “Estive nos últimos seis dias internada na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio, por conta de um desconforto que vinha sentindo e graças a Deus, hoje recebi um diagnóstico definitivo. Tenho um adenocarcinoma na porção final do intestino”, disse ela, em janeiro daquele ano.
Dona de uma risada contagiante e um talento que trazia no sangue, ela lançou seu primeiro disco, Prêt-à-Porter em 2003. E a capa, onde aparece nua e com partes do corpo cobertas apenas por fitas do Senhor do Bonfim, chamou atenção da mídia nacional. Mas sua voz e música acabaram se impondo e ela engatou uma carreira com quatro discos e shows por todo o Brasil, além de participação em blocos de carnaval.
NOTAS DE PESAR – Preta Gil
Também pelas redes sociais, o presidente Lula lamentou o falecimento de Preta Gil. O presidente não poupou elogios à cantora, a quem chamou de “talentosa e batalhadora em tudo que fazia”.
“Preta era uma pessoa extremamente querida e admirada pelo público e pelas pessoas que tiveram a felicidade de conviver com ela. Os palcos e os carnavais que ela tanto animou sentirão sua falta”, disse Lula. O presidente também afirmou que, assim que soube da notícia, telefonou para Gilberto Gil para oferecer palavras de conforto. Gilberto Gil foi seu ministro da Cultura entre 2003 e 2008.
A Secretaria Estadual de Cultura (SecultBA) lamenta profundamente o falecimento da cantora, atriz, empresária e produtora cultural Preta Gil, ocorrido na noite deste domingo (20), em Nova Iorque (EUA). Mulher negra, artista plural e figura importante na luta por representatividade e liberdade, Preta Gil deixa um legado na cultura brasileira, construído com coragem, alegria e autenticidade.
Filha de Gilberto Gil, um dos maiores nomes da música e da cultura nacional, e de Sandra Gadelha, Preta sempre carregou com orgulho suas raízes baianas. Ainda que tenha nascido no Rio de Janeiro, jamais escondeu o vínculo afetivo e artístico com a Bahia, terra de sua ancestralidade e da tradição cultural que ajudou a moldar sua identidade. Ao longo de carreira, esteve presente em importantes palcos baianos, sendo presença constante no Carnaval de Salvador, onde comandou trios elétricos que celebravam a diversidade, a liberdade de expressão e o direito de todos a ocupar as ruas com alegria e respeito.
“A Bahia, que faz parte da história de sua família, de sua música e da sua essência, se despede com gratidão. Que a memória de Preta Gil siga viva em cada gesto de amor, em cada escolha que fazemos pela alegria, pela liberdade, pelo respeito à arte e à diversidade”, afirmou o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Bruno Monteiro.
Preta também se destacou como uma mulher à frente do seu tempo, desafiando padrões estéticos e sociais, e promovendo, por meio da arte, o empoderamento de corpos diversos, sobretudo de mulheres negras. Sua trajetória se entrelaça com os movimentos que pautam uma cultura mais inclusiva, acessível e representativa.
Nos últimos anos, sua luta pela vida foi travada com a mesma força e transparência com que conduziu sua carreira. Com coragem e sensibilidade, Preta transformou sua experiência pessoal em um gesto coletivo de cuidado e conscientização, abrindo diálogo sobre saúde, acolhimento e vulnerabilidade. No último mês de março, estivemos com ela, em Salvador, e ficamos muito comovidos e animados com sua força e determinação de lutar.
“Ela construiu sua trajetória profissional e artística ancorada na sensibilidade, no compromisso com a liberdade e no respeito às diferenças. Falou de temas espinhosos com a delicadeza e a força de quem não tinha medo da verdade. Fez da sua arte um lugar de acolhimento e de projeção de muitas outras vozes, tornando-se referência no enfrentamento aos tabus. Deixa, ao Brasil e ao mundo, o legado de que é possível combinar arte com coragem e liberdade”, finalizou o secretário.
Neste momento de luto, a SecultBA se solidariza com os familiares, amigos, fãs e com toda a classe artística. Seu legado permanecerá vivo na memória afetiva do povo baiano e nos muitos gestos de amor e resistência que marcaram sua trajetória.
