AVC: mitos e verdades por médico fisiatra Eduardo Melo

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Dia Mundial de Combate ao AVC

AVC: mitos e verdades por médico fisiatra Eduardo Melo

As Doenças Cerebrovasculares são a principal causa de morte no Brasil, segundo o IBGE, e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade e perda da qualidade de vida. Entender como a doença ocorre e como lidar com ela é um meio para a prevenção e cuidados sobre o seu impacto, motivo pelo qual foi criada uma data para a sua conscientização: 29/10 – Dia Mundial de Combate ao AVC.

A data chama a atenção da população, e também dos profissionais de saúde, para as causas do AVC, popularmente conhecido derrame, seus sintomas, a necessidade do pronto atendimento quando ele acontece, e as possibilidades para a reabilitação de suas sequelas.

Para esclarecer melhor este e outros fatos sobre o AVC, consultamos médico fisiatra Eduardo Melo, presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e de Reabilitação, que nos elucidou algumas das dúvidas mais comuns sobre o AVC e seus tratamentos.

Existem diferentes tipos de AVC. Mito ou verdade?

Verdade. Existe o tipo mais comum, chamado de AVC isquêmico, que é causado pela impossibilidade da chegada do sangue ao cérebro, muitas vezes associado ao entupimento de veias ou artérias. Há também AVCs produzidos por sangramentos na cabeça, geralmente ligados a aneurismas ou grandes pressões intracranianas, esses são conhecidos como hemorrágicos.

Quanto antes a pessoa com AVC for socorrida, menores as sequelas. Mito ou verdade?

Essa é uma das principais verdades. Hoje sabemos que o tempo de tratamento inicial é muito importante, não só para salvar a vida, como para a recuperação funcional. Se o paciente conseguir ser atendido, preferencialmente, até 4 horas após o AVC, há a possibilidade de aplicar tratamentos que revertam as sequelas do AVC.

O AVC pode apresentar diversos sintomas, é preciso esperar que mais de um seja identificado para procurar ajuda?

Mito. É fundamental procurar atendimento imediato após a percepção de qualquer sintoma do AVC, como boca torta, hemiplegia (dificuldade para movimentar membros de um dos lados do corpo), dificuldade para articular palavras, realizar um raciocínio lógico.

Uma das principais sequelas funcionais da pessoa que sofre um AVC é a espasticidade?

Verdade. A espasticidade é um fenômeno neurológico que muitas vezes é percebido pelo paciente como uma rigidez muscular ou espasmos. Ela é de fato uma rigidez que muitas vezes pode levar a dificuldades funcionais e de mobilidade.

A espasticidade não pode ser revertida ?

Mito. Quanto antes a reabilitação pós-AVC for iniciada, maiores a chances de devolver ao paciente as suas habilidades motoras. Quanto mais tempo o paciente conviver com a espasticidade, maiores a chances de se desenvolver contraturas, deformidades e até a perda do movimento articular.

O tratamento multifuncional e multidisciplinar é o único que permite a total integração do paciente ao seu cotidiano novamente ?

Verdade. A reabilitação pode ser composta por diversos profissionais e terapias para que o paciente recupere suas habilidades e autonomia. São grandes e individuais as possibilidades de tratamento do paciente de acordo com as suas necessidades.

A equipe de reabilitação pode optar por terapias que vão desde a TO (terapia ocupacional), terapias psicológicas, fisioterapia, medicações injetáveis – que ajudam na diminuição da tensão muscular do membro e permitem que os fisioterapeutas trabalhem a mobilidade – e até intervenções cirúrgicas, se forem necessárias.

O tratamento do AVC

Existem diversos serviços especializados pelo País, tanto para o devido socorro ao paciente acometido pelo AVC, quanto para a sua reabilitação contínua, e fundamental, para a devolução da sua qualidade, em que medicações importantes para a evolução, como a toxina botulínica A, estão inseridas na cobertura do Sistema Público de Saúde (SUS).

Lembramos que o AVC tem como profissional de base o neurologista, acompanhado do fisiatra, que coordenam as demais atividades de tratamento do paciente junto aos outros profissionais. Quanto mais completa for a integração deste time de especialistas, melhores serão os resultados de integração do paciente à sociedade.